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Van Gogh: a vida (Steven Naifeh & Gregory White)

Se o elemento óbvio de uma boa biografia é a escolha de um personagem com vida rica em acontecimentos, a pesquisa empreendida por Steven Naifeh e Gregory White já nasceu bem-sucedida. Afinal, poucas figuras históricas correspondem tão bem ao paradigma do artista incompreendido e insano como Van Gogh o faz.

A leitura que se propõe dos pensamentos e das motivações do artista holandês é bastante arriscada, tendendo quase a um viés psicanalítico. No entanto, não faltam elementos que deem fundamentação a essa escolha: não bastasse as mais de 1000 páginas da obra, ainda há um site apenas com a bibliografia utilizada na pesquisa, com traduções comentadas.

Naifeh e White mostram como é possível lançar-se sobre temas bastante repisados e, ainda assim, descobrir novidades. O exemplo mais notável de análise inédita é a que os pesquisadores levam a cabo para entender o episódio da morte do pintor. Com o aval de médicos legistas e longa busca arquivística, os autores endossam a tese de que Van Gogh não teria se suicidado, mas, sim, teria sido vítima de um disparo não intencional de um garoto. Ainda que negada inicialmente, a ideia floresceu nos debates sobre o artista - inclusive inspirando a produção dos excelentes filmes "No portal da eternidade" e "Com amor, Van Gogh".  Assim, trazendo novas possibilidades para tentarmos compreender o contexto e a vida do pintor, é a biografia mais completa produzida até hoje sobre ele.


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