Enquanto inicio este texto, percebo que já li todas as obras de Alejandro Zambra já publicadas no Brasil - ainda que não o escritor não seja daqueles que me vêm imediatamente à memória ao pensar em autores contemporâneos favoritos. E, assim como passo pela escrita de Zambra quase sem notar, o chileno se esmera em construir narrativas sobre passagens, trânsitos, deslocamentos de memória e de afetos. Em sua pauta, registra o cotidiano, sem grandes ênfases - mas na dose suficiente para conquistar um leitor cativo.
Creio que gosto ainda mais do autor enquanto contista, ainda que a diferença seja tão sutil (todos seus romances - ou novelas - são bastante curtos). Na seleção disponível em "Meus documentos", acho que todos os contos, de uma forma ou outra, me agradaram - tarefa tão difícil em reuniões do gênero.
A presença do narrador em primeira pessoa, esfumaçando os contornos entre o autoral e a ficção, é um dos muitos recursos de que Zambra lança mão para construir uma narrativa muito bem ajambrada. De um relato satírico sobre sua necessidade de fumar ao retrato doloroso do Chile durante a ditadura, seu olhar sobre o cotidiano é um documento coletivo da fantástica realidade latino-americana.
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