Uma das graças das obras de José Lins do Rego é a sua verossimilhança. Muito antes da onda da autoficção, o autor já esboçava em seus livros limites bastante difusos entre a própria biografia e a narrativa de suas histórias. Assim, tem pleno conhecimento do cenário que descreve e que pauta a sua escrita.
"Menino de engenho" é o romance de estreia do autor, com várias características que se manteriam ao longo de sua carreira literária: além da mescla com a vivência pessoal, há o cenário dos engenhos, o contexto do ciclo da cana-de-açúcar e a aposta em um estilo bastante claro, direto, sem maiores preocupações com uma suposta literalidade.
Sem sutilezas, o livro descreve de maneira dura o cotidiano dos engenhos. Assim, o leitor tem acesso tanto a cenas de zoofilia quanto a descrições cruéis do abismo entre as classes abastadas e a dos empregados do campo; afinal, há meninos de engenho dentro da casa-grande e fora dela.
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