Tendo a ver com desconfiança obras contemporâneas de arte baseadas na Segunda Guerra Mundial; afinal, a overdose de filmes e romances criminalizando os nazistas não parece ter sido o suficiente para impedir o ressurgimento da extrema direita e nem para brecar os inflamados discursos autoritários que nos cercam e cerceiam.
Contudo, não só me rendi a "El informe de Brodeck", como o registrei dentre minhas melhores leituras ao longo da vida. Philippe Claudel tem a maestria de lidar com um contexto saturado e, ainda assim, saber extrair dele o inusitado, o absurdo, o mágico.
Um dos recursos empregados pelo escritor para não cair em clichês sobre a guerra foi situar sua narrativa em tempo e espaço indefinidos. Assim, com um quê de fábula (ou de mito fundador), a narrativa trabalha valores universais que extrapolam o contexto de uma época.
Com um narrador "profissional", encarregado de relatar o que acontece em seu povoado, a história traz à tona também questões metalinguísticas: afinal, como escrever sobre o que deveria ser esquecido? E como fazer que, por meio da escrita, a memória não se apague?
São várias as sutilezas e camadas de significado que compõem essa obra (infelizmente, ainda não traduzida no Brasil). Sua versão em quadrinhos é uma bela adaptação, que permite ao leitor brasileiro ter um vislumbre da trama esmagadora elaborada por Claudel.
São várias as sutilezas e camadas de significado que compõem essa obra (infelizmente, ainda não traduzida no Brasil). Sua versão em quadrinhos é uma bela adaptação, que permite ao leitor brasileiro ter um vislumbre da trama esmagadora elaborada por Claudel.
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