(Resenha de 2014): Ainda que fosse só pela experiência estética, "O menino e o mundo" já seria um bom filme. A linguagem da animação usa aquarelas, recortes, colagens, efeitos que lembram quadros, videogames, clipes musicais, caleidoscópios... É uma imersão em diversas possibilidades artísticas, todas construídas com extremo bom gosto e muito bem contextualizadas em relação a cada momento da trama.
Se, em um primeiro momento, os riquíssimos efeitos visuais nos capturam, em um segundo momento já são nossos ouvidos que são conquistados com a espetacular trilha sonora - de Barbatuques a Emicida, ela é eclética e rica.
Mas, como não bastam efeitos visuais e sonoros, um filme precisa também de uma boa história. E é neste ponto que "O menino e o mundo" se supera. Inicialmente contada com uma linguagem bastante infantil, aos poucos a narrativa mostra todo o seu potencial. As críticas ao nosso modo de vida, à destruição do planeta em nome do dinheiro, à falsa democracia, à utópica igualdade... todas são realizadas de um modo tal que conseguem ser entendidas por crianças (o provável público-alvo) e adultos.
O final é um dos mais surpreendentes e intensos que já vi. Nada melhor que fechar com chave de ouro uma produção tão preciosa, joia rara neste mundo de desenhos enlatados.
(Atualização): Já havia reassistido a "O menino e o mundo" em 2017; já sabendo o final, foi uma oportunidade de apreciar a obra ligando as pistas que conduzem ao desenlace incrível da trama. Apenas 3 anos depois deste último contato com o filme, acreditava que pouco haveria ainda de descoberta e surpresa em uma nova experiência - o que se provou um feliz engano. Nesses 3 anos, nosso país passou por uma série de mudanças políticas desastrosas - e que já são antevistas na narrativa de Alê Abreu. Com um pouco da visão profética do gênio, o diretor anuncia em seu filme pautas que não poderiam ser mais urgentes hoje: a tirania, a censura, o abismo entre os ricos e os pobres, a função da arte, a revolução. Sem dúvida, "O menino e o mundo" é uma daquelas profícuas obras de arte que permitem constantes reinterpretações - e que, a cada época, nos ajudam a ler melhor a nossa realidade.
Se, em um primeiro momento, os riquíssimos efeitos visuais nos capturam, em um segundo momento já são nossos ouvidos que são conquistados com a espetacular trilha sonora - de Barbatuques a Emicida, ela é eclética e rica.
Mas, como não bastam efeitos visuais e sonoros, um filme precisa também de uma boa história. E é neste ponto que "O menino e o mundo" se supera. Inicialmente contada com uma linguagem bastante infantil, aos poucos a narrativa mostra todo o seu potencial. As críticas ao nosso modo de vida, à destruição do planeta em nome do dinheiro, à falsa democracia, à utópica igualdade... todas são realizadas de um modo tal que conseguem ser entendidas por crianças (o provável público-alvo) e adultos.
O final é um dos mais surpreendentes e intensos que já vi. Nada melhor que fechar com chave de ouro uma produção tão preciosa, joia rara neste mundo de desenhos enlatados.
(Atualização): Já havia reassistido a "O menino e o mundo" em 2017; já sabendo o final, foi uma oportunidade de apreciar a obra ligando as pistas que conduzem ao desenlace incrível da trama. Apenas 3 anos depois deste último contato com o filme, acreditava que pouco haveria ainda de descoberta e surpresa em uma nova experiência - o que se provou um feliz engano. Nesses 3 anos, nosso país passou por uma série de mudanças políticas desastrosas - e que já são antevistas na narrativa de Alê Abreu. Com um pouco da visão profética do gênio, o diretor anuncia em seu filme pautas que não poderiam ser mais urgentes hoje: a tirania, a censura, o abismo entre os ricos e os pobres, a função da arte, a revolução. Sem dúvida, "O menino e o mundo" é uma daquelas profícuas obras de arte que permitem constantes reinterpretações - e que, a cada época, nos ajudam a ler melhor a nossa realidade.
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