Ao aplicar as tags do blog para este post, acabo por descobrir que este é o primeiro livro cubano que leio em, pelo menos, oito anos. Por estar estudando tradução do espanhol com foco em autores de Cuba, a literatura da ilha tem despertado meu interesse nos últimos meses.
A redescoberta do que se escreve por lá, contudo, passa longe de ser uma experiência reconfortante; dentre os muitos traços que dão vida à escrita cubana, há o do incômodo proposital, a tentativa de tirar o leitor de sua zona de conforto. Sob esse viés, poucos livros poderiam ser mais representativos que "La carne de René".
Talvez surrealista, quem sabe grotesco ou mesmo dadaísta, o romance é uma loucura que faz sentido. Na trama, alguns aspectos bizarros (como o culto à carne dilacerada) e outros cômicos (como a missão transcendental de defender o chocolate nunca consumido) se unem em uma alegoria estranha, mas crível, da sociedade. Se nada faz muito sentido na obra, que termina com final aberto, por outro lado tudo se conecta à vida desenraizada que levamos. E, talvez, comparada ao romance, nossa existência seja ainda mais maluca.
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