Desde o "Do que eu falo quando falo de corrida", de Murakami, virei fã de obras diversas que abordam o tema – paixão que só aumentou quando eu, de fato, comecei a correr. Este curto documentário é um excelente modo de retratar o que torna este esporte único: o deslocar-se que permite o encontro com próprio interior, a prática que só exige um corpo, o cansaço que é compensado pela experiência e pela contemplação.
No entanto, não é um filme que caia em clichês – até por sua retratada principal não o permitir. Lorena, a corredora camponesa que usa sandálias simples nas competições, não é dada a grandes discursos. Suas poucas falas registradas durante o filme revelam o quanto tem consciência da efemeridade da exposição pública e de que não precisa se submeter ao que é padrão (como calçar um tênis).
Minha única restrição à obra é que não deve ser vista por meritocratas, já que entenderão tudo errado – afinal, vivem de interpretar o mundo segundo seus próprios interesses escusos.
Comentários
Postar um comentário