A premissa de Afirma Pereira é uma das que mais me encanta na literatura: o personagem que se apresenta ao seu próprio autor, reivindicando direitos e querendo rever o seu ponto de vista na história. Ainda que se inspire em Pirandello, a proposta de Tabucchi é bastante diferente: afinal, muito se fala do apoio do dramaturgo italiano ao fascismo. Assim, ainda que dialogue com uma cultura com bases políticas diversas, o que Tabucchi oferta ao leitor é a ideia do quanto não é possível desvincular a arte do contexto ideológico em que se insere.
O livro, ainda que seja curto, tem uma estrutura bastante repetitiva. Mesmo que não se trate de um recurso estilístico sem propósito, acaba deixando a narrativa um tanto previsível. No entanto, é justamente essa previsibilidade que culmina em um final intenso e surpreendente – além de catártico.
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