A autobiografia de Gioconda Belli, poeta e guerrilheira, é uma das mais provocadoras que já li. Assim, foi não só uma ótima entrada para a literatura nicaraguense (da qual nada conhecia), como para a explosiva história recente do país. E, para coroar a experiência, tudo é narrado por uma mulher com bastante consciência do seu papel de classe e de gênero.
A poesia de fato de Belli (que li na sequência) não me conquistou. No entanto, o que a sua prosa tem de poético é encantador. O começo do livro é um dos melhores que já li e nos traga história adentro, sem que tenhamos vontade de parar. Além disso, os recurso de construir uma biografia sem uma sequência temporal linear é outro dos atrativos do livro, que dessa forma se apresenta como um interessante quebra-cabeça de fatos e personagens.
Tudo nos cativa: as paixões da poeta, sua descoberta da poesia, a história da Nicarágua e seus personagens históricos, a linguagem sucinta e bela... Ainda que a narradora apresente suas falhas e erros, é difícil não se encantar pelo belo texto de Belli, bem como por sua contundente e racional ação política.
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