Nem sempre consigo criar laços com a poesia contemporânea; talvez a poesia que já não converse mais tão diretamente com o meu próprio tempo se oferte de maneira menos enigmática, com muitos de seus enigmas históricos já resolvidos. No entanto, entre minhas tentativas de conhecer mais vozes de agora, o reconhecimento com a poética de Ana Martins Marques foi quase instantâneo. É, sem dúvida, minha poeta contemporânea preferida.
Seu Livro das semelhanças é dividido em quatro seções ("Livro", "Cartografias", "Visitas ao lugar-comum" e "O livro das semelhanças"). Na primeira, a autora faz uma releitura das partes do livro do ponto de vista poético (a orelha, a capa, o colofão etc.). Para aficionados do objeto livro, é uma metalinguagem deliciosa.
Em Cartografias, o ressignificado da vez é o mapa – bem como a distância, a proximidade, o espaço físico em que estamos e em que situamos nossas vozes. Visitas ao lugar-comum é um exercício poético divertido, de reinterpretar chavões sob uma nova perspectiva linguística. Por fim, a parte que intitula a obra é um verdadeiro exercício filosófico de interpretar significante e significado, ser e representação, mimese e arte.
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