Costumo gostar bastante dos filmes com Audrey Hepburn — geralmente garantem, no mínimo, alguma boa diversão. Ainda que por vezes ela pareça estar interpretando sempre a mesma personagem (diversas recontextualizações das caras e bocas da Bonequinha de Luxo), há um traço de irreverência em sua atuação que é muito bem-vindo (especialmente considerando-se a época das produções). Talvez a figura inquieta das personagens de Audrey tenha ajudado a desmitificar a ideia da mulher ideal e esposa perfeita, já no início dos anos 1960. Mesmo que não dê para vê-la carregando faixas com dizeres sufragistas, o rompimento do estereótipo já é um bom começo.
Como o próprio título sugere, "Charada" é um filme que coloca o espectador na posição de detetive. Cheio de reviravoltas rocambolescas, o enredo nos leva a desconfiar o tempo todo da maioria dos personagens, tentando resolver o mistério que emoldura a narrativa. Fora a trama romântica, que não convence (afinal, trata-se de uma mulher de 30 anos e um senhor de 60), os demais elementos da obra criam um filme bastante envolvente.
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