Apesar de ter lido pouco Amós Oz, uma das suas obras me marcou profundamente: "Contra o fanatismo". Bastante curto, o livro traz um ensaio poderoso (pelo menos assim me pareceu na época), em que o escritor defende a necessidade da empatia para entendermos os outros, mesmo os que são nossos potenciais inimigos políticos.
A ideia da empatia, como proposta por Oz, sempre me pareceu muito bela — até ler um contraponto defendido incisivamente pela escritora Lina Meruane, em seu "Tornar-se Palestina". Instigada pela visão da autora chilena, quis reaproximar-me de Oz, com um olhar agora já mais distanciado; resolvi fazê-lo pelo filme que narra sua infância.
O longa, dirigido por Natalia Portman, realmente me impressionou. Um dos seus pontos mais fortes é contar a história do escritor com os diálogos e narração em hebraico (inclusive as cenas em que Portman participa como atriz). Além disso, a ambientação obscura — e ao mesmo tempo intimista — dá o tom proposto pelo título.
No entanto, há uma glorificação inegável do estado de Israel, que passa por cima de outras culturas (os árabes, os palestinos) e coloca a cessão desse território como uma reparação histórica justa, sem prejuízos maiores para os demais povos. Uma visão compreensível, mas nem por isso aceitável.
Comentários
Postar um comentário