Uma característica que costuma aparecer nos filmes franceses de que gosto é o narrador literário, que narra com beleza e uma pontada de ironia as cenas que se desenrolam ao longo da narrativa (vide Amélie Poulain). Em "Kennedy e eu", a narração do princípio parece nos situar diante de uma voz inteligente e perspicaz... quando, em verdade, estamos diante de um narrador-protagonista bastante detestável e supostamente niilista.
Ao longo da trama, tive uma identificação mais forte com os personagens otimistas (que são zombados pelo protagonista) do que pelo papel principal. Além disso, a história que gira em torno da figura de Kennedy é apenas mais um gancho para a loucura do personagem, sem nenhum impacto maior na narrativa. Assim, se nem o título do filme parece coerente com a sua proposta... quem dirá o resto.
O personagem de cabelo azul já ganhou apelidos que o aproximam dos famosos Calvin e Mafalda. No entanto, o toque brasileiro é que faz a diferença e aproxima Armandinho de seus leitores. O garotinho, que não gosta muito da escola, mostra que a sabedoria vai muito além dos bancos da sala de aula. Desde questões políticas específicas - do Brasil ou de Santa Catarina - até piadas simples sobre assuntos cotidianos, a força das suas tirinhas reside também na versatilidade. O ponto de vista infantil nos serve de guia nesses quadrinhos, nos quais os adultos aparecem sempre retratados sob o viés da criança. Para comprovar esse fato, basta observar o traço: assim como na clássica animação dos Muppets, apenas as pernas dos personagens mais velhos são desenhadas. Se a semelhança com Mafalda está no aspecto irreverente (e nos cabelos que são marca registrada), com Calvin o parentesco vai além: em muitas das tirinhas, Armandinho aparece com seu bicho de estimação (um sapo que, inclusi...

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