Uma característica que costuma aparecer nos filmes franceses de que gosto é o narrador literário, que narra com beleza e uma pontada de ironia as cenas que se desenrolam ao longo da narrativa (vide Amélie Poulain). Em "Kennedy e eu", a narração do princípio parece nos situar diante de uma voz inteligente e perspicaz... quando, em verdade, estamos diante de um narrador-protagonista bastante detestável e supostamente niilista.
Ao longo da trama, tive uma identificação mais forte com os personagens otimistas (que são zombados pelo protagonista) do que pelo papel principal. Além disso, a história que gira em torno da figura de Kennedy é apenas mais um gancho para a loucura do personagem, sem nenhum impacto maior na narrativa. Assim, se nem o título do filme parece coerente com a sua proposta... quem dirá o resto.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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