Costumo me emocionar com filmes que trazem protagonistas crianças. Talvez seja uma espectadora fácil de ser convencida, já que obras que apelam para o protagonismo dos pequenos são recorrentemente acusadas de dar um golpe baixo: afinal, todo sofrimento infligido a quem mal começou a viver é muito mais carregado de dramaticidade.
Tendo a acreditar que essas críticas não se aplicam ao filme Entre o inferno e o profundo mar azul. Ainda que o enredo deixe claro que não há nenhuma perspectiva de um futuro melhor para a criança que o estrela, tampouco exacerba sofrimentos do momento presente. Não se trata de um filme em que acompanhamos as desilusões de uma criança, mas sim de uma obra que deixa implícito todo o longo caminho de tristezas que a protagonista trilhará.
Se não há explicitação do pesar da criança, tampouco o há do adulto. O marinheiro, que divide o protagonismo com a pequena chinesa, é um homem calado, que deixa transparecer seu desespero em poucas e intensas atitudes. Gosto muito dessa costura da trama, que liga dois personagens quietos, em pontas opostas da vida e do mundo (Ocidente e Oriente), usando como linha condutora as tristezas da vida e a beleza dos encontros fortuitos.
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