Conheci Galeano na época do Ensino Médio – talvez antes – por uma das raras indicações de livros ofertadas pelo professores da escola. Na época, lembro-me de ter ficado boquiaberta com as informações coletada pelo autor para apresentar o contexto de contínua exploração no qual se insere a América Latina. Desse ponto de vista, talvez tenha sido uma das leituras mais importantes na minha formação política.
Tantos anos depois, a releitura não me trouxe uma obra menor, mas com impacto bem menos acentuado. De certa forma, talvez tenha me habituado à dor histórica latina – como diz Sontag, a repetição das tragédias tira nossa capacidade de senti-las profundamente.
Outro ponto em que senti me desvincular da leitura é sua distância temporal. Na época de publicação de Las venas, Allende ainda era presidente eleito, trazendo um ar de otimismo para a escrita de Galeano. Parecia haver um lugar aonde rumar para corrigir a situação de desmandos históricos. No nosso contexto atual, nem essa parca esperança tem direito a um respiro.
Apesar dessas diferenças que notei em relação à primeira leitura, continua sendo um livro arrebatador. A potência da escrita do uruguaio é um desafio aos limites dos gêneros historiografia e literatura. Além disso, ter passado por muitas das terras que são citadas ao longo da obra me fez ter uma visão muito mais concreta das situações que são relatadas.
Comentários
Postar um comentário