Talvez vinte anos tenham se passado desde minha primeira leitura desta obra – e, ainda que não tenha se tornado então um livro preferido, ainda trazia muitas das cenas e personagens bem delineados na minha memória.
Em Ciranda de pedra, definitivamente Lygia F. Telles não constrói personagens admiráveis... mas, de certa forma, o faz inesquecíveis. Um dos pontos que mais me havia incomodado anteriormente e que agora consigo formular melhor é o quanto o desenvolvimento dos jovens adultos, no enredo, passa necessariamente pela sexualidade. Não há muito espaço para outras formas de se relacionar amorosa e corporalmente com o outro, ainda que Lygia seja ousada no tratamento do tema lésbico, dada a época em que o romance foi escrito.
Mesmo tendo como protagonista uma garota irresponsável e racista, é uma trama que cativa o leitor. Há algo do tom da série Flea Bag aqui: uma personagem que tem sim um passado difícil, mas que parece cada vez mais querer se machucar com a própria história. E, ainda assim, convida quem acompanha a trama a mergulhar nas neuras da protagonista e a querer saber como será o fim de sua jornada.
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