Aprendi muito sobre a história do Quênia ao ler estas memórias de infância de um dos autores mais reconhecidos do país. Além do panorama histórico, os detalhes do próprio cotidiano são os que me mostraram, mais claramente, o enorme fosso que nos separa.
Contudo, nem tudo é choque cultural nessa alteridade; a relação que o autor das memórias tem com o estudo e com a leitura criam uma identidade com o público-alvo da obra. Outro ponto que permite tecer costuras com elementos de minha própria realidade é o protagonismo da mãe do autor, uma das personagens mais interessantes da obra.
Além de ser a grande força motora a incentivar os estudos de seus filhos, é uma mulher que teve a coragem de se desligar de um marido violento e retornar à casa dos pais. No caminho, deixou todas as posses que tinha e teve de recomeçar sem segurança, além de já ter os filhos sob sua responsabilidade. Mesmo que não se proponha como tal, as memórias de Ngugi não deixam de ser uma bela homenagem à sua progenitora.
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