Com uma linguagem que oscila entre didática e despojada, A grande aposta tem a virtude de revelar como o sistema capitalista, de que estamos tão seguros, não passa de um jogo. A crise de 2008, que levou milhares de pessoas a serem despejadas de suas casas e iniciou um efeito dominó mundial – derrubando, inclusive, nossa presidente – não só é explicada ao espectador, como se mostra a pequena parcela de investidores que soube fazer do caos uma oportunidade para lucrar ainda mais.
As vantagens da obra acabam aí. Talvez algumas outras qualidades pudessem ser elogiadas, como as interpretações, trilha sonora, diálogos... mas há aspectos ideológicos no filme que incomodam mais que sua pretensão em ser um bom retrato da economia mundial.
Só 7 anos me distanciam de seu lançamento; contudo, o machismo que lhe dá o tom é bastante retrógrado. As poucas mulheres que aparecem na produção são sensualizadas ou ridicularizadas; quando aparecem em uma posição de poder, até a maternidade é duramente criticada.
O outro ponto questionável da produção é um certo ar de bondade que é atribuído a alguns protagonistas investidores. O recado é quase este: "Eles se importam, mas como poderiam ajudar? Melhor apostar contra a economia mundial". É, em suma, um bom filme para entender como a economia funciona, mas não é uma obra de combate à máquina do mundo que nos rege.
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