Poucas figuras são tão caricatas quanto um patriota; basta retratar um pouco de ilusão mal intencionada com o desprezo pelo que é alheio para construir uma forma exagerada, mas verossímil. Ao criar um protagonista cruel que, sem explicações aparentes, decide virar a casaca, A vida dos outros exibe seu grande trunfo.
Não esperamos nada do personagem, que nos é apresentado como um cruel investigador da Alemanha oriental. Contudo, um escritor que surge em seu caminho o faz, subitamente, decidir agir contra o sistema. E o mais interessante é que sabemos muito mais do autor que é observado que daquele que o espiona.
O que me fez desconfiar da produção, contudo, é um olhar que critica um tipo de patriotismo para exaltar outro. Ao final da obra, a derrocada do muro parece ser o grande divisor de águas de um sistema corrupto, como se o capitalismo viesse montado em um cavalo branco e pronto a defender os oprimidos.
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