De Isabel Allende só li textos autobiográficos até agora: comecei por Mi país inventado e, agora, enveredei por Paula. Talvez um certo receio de encontrar uma ficção com muitos elementos sobrenaturais me afaste de conhecer sua obra mais a fundo. No entanto, a escrita envolvente que encontrei nesses dois livros é um convite persuasivo a ler mais da produção da autora chilena.
Em Paula, narra-se a dor da mãe que acompanha o definhar da filha. Como Allende declara nas primeiras páginas, o romance é uma tentativa de manter Paula viva; uma espécie de opção desesperada de segurar o fio da existência pela narrativa, tal como a mulher do sultão nas 1001 noites.
Entremeada à tentativa de entender o que significou a vida da filha, a escritora tece também a própria história: acompanhamos ao longo das páginas uma autobiografia que abrange desde a meninice até à mãe desesperada pela perda de quem ama.
Além dos trechos tocantes que lidam com o luto, há várias reflexões profundas na obra: de questões feministas a conceitos sobre escrita, o livro é um rico álbum de momentos e perguntas que pontuaram a vida da autora. Certamente, uma ótima indicação para quem começa a conhecer a obra de Allende, como é meu caso.
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