Não é preciso avançar muito na leitura de Pinóquio para perceber que o livro difere muito da versão mais famosa do filme: logo nos primeiros capítulos, o Grilo falante é assassinado a marteladas pelo boneco de madeira, só para citar um exemplo.
Enquanto a violência e a falta de caráter de Pinóquio saltam as olhos, talvez o ponto mais importante do enredo passe despercebido: o protagonista não quer ir à escola. Esse é o grande motivo por trás de todas as fugas e má-criações do personagem, assim como a grande crítica proposta pela história.
Parece haver uma redenção ao final, quando Pinóquio começa a trabalhar duro para salvar Gepeto e a fada azul - mas essa mudança de perspectiva é uma lição da vida, não do colégio. E é nesse ponto que Carlo Collodi nos engana e fascina: seria tudo uma alegoria para mostrar a importância dos estudos e do trabalho duro... ou uma negação desses valores em nome da liberdade e das experiências? Afinal, para que ser um menino de verdade sem o livre-arbítrio de decidir que tipo de vida se quer ter?
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