Ao ser questionada sobre quanto o rótulo de "literatura trans" se aplica à sua escrita, Camila Villada rebateu: não há categorias para pensar o travestir-se. A única categoria é o travestismo - que, em si, é a negação de toda tentativa de classificar.
E sim, aqui é "travesti" - ao preferir esse termo ao de "mulher trans", a autora demarca sua prosa dentro do território das muitas violências a que a palavra remete.
Não é um livro fácil, tal como as vidas retratadas. Cada página traz uma situação de abuso diferente - desde o pai que profetizou o fim do filho afeminado como indigente em uma vala até a prostituição em situações de risco extremo.
Dona de uma escrita poderosa, a autora consegue permear a narrativa de imagens tão fortes quanto são poéticas. Além disso, o tratamento desinibido das amigas travestis em sua comunidade também reveste a trama de pitadas com humor.
Que coisa linda. É de deixar sem palavras.
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