Fui ver "Elvis" no cinema porque filme que não seja de super-herói ou infantil nos cinemas do interior de SP é um evento; o fato de não ser dublado, quase um milagre. Não saber de nada previamente sobre a produção foi uma soma de surpresas boas, que culminou nos créditos, ao perceber que a direção era de Baz Luhrmann (mesmo diretor da versão de 1996 de "Romeu e Julieta", um dos meus filmes preferidos).
A obra faz uma bela contextualização da música americana negra da época, e de como Elvis foi privilegiado por ser branco em uma época de forte segregação racial. Claro que a complexidade da apropriação cultural é apenas levemente matizada, já que o tema em si renderia muitas horas de discussão. No entanto, saí do cinema com a impressão de que essa abordagem da biografia do astro do rock, valorizando o contexto criativo do qual saiu, seria impossível há alguns anos.
Além disso, a opção por mostrar quanto da carreira e da vida de Elvis foram definidas por um empresário ganancioso me fez enxergar os preconceitos associados à figura sob outra perspectiva. São vários os filmes que optaram por uma visão semelhante (como "Love & Mercy", sobre os Beach Boys), mas o tema não envelhece.
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