Borges costumava imaginar o paraíso como uma espécie de biblioteca. Quando ficou cego e precisou da ajuda de amigos que pudessem ler em voz alta seus livros preferidos, talvez tenha incorporado esse pequeno grupo de leitores à sua ideia particular de éden. Alberto Manguel, escritor argentino também apaixonado por livros, foi um dos anjos narradores durante a cegueira de Borges.
A experiência de ler para o grande autor da literatura portenha é marcada pelos filtros da memória de Manguel; afinal, ele era pouco mais que um adolescente no momento em que passou a frequentar a casa de Borges. Além disso, não foram feitas anotações durante as sessões de leitura; tudo se baseia no fraco espelho das lembranças de um jovem sem noção da importância que esses momentos teriam para também o definirem como escritor. Contudo, mesmo sendo uma espécie de telefone sem fio de recordações antigas, o livro é narrado com maestria. É a oportunidade de entrar na casa de Borges e acompanhá-lo por sua biblioteca, escutando as histórias que o deliciavam desde sempre.
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