Romance raiz, publicado em plena época vitoriana, o livro corresponde a muito do que se esperava do gênero na época: reviravoltas no enredo, uma história de amor no centro da narrativa, atenção aos valores religiosos e contextualização com um pano de fundo mais social.
Apesar da previsibilidade, a caçula das irmãs Brontë toca em feridas que seguem abertas hoje: maridos opressores e alcoólatras, pretendentes incapazes de entender um “não”, mulheres crentes de que o relacionamento vai salvar um homem de seus hábitos nocivos. É um desfile de boys lixo, mas um ou outro personagem masculino é retratado de modo ambíguo; já no que diz respeito às personagens femininas, são santas ou bruxas. O que Anne defende no conteúdo infelizmente não reverbera na estrutura de seu livro: uma obra importante para a época, mas que ainda espelha os valores contra os quais a autora se propôs a lutar.
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