Talvez a missão de todo filme de terror seja deixar o espectador desconfortável; contudo, no modelo clássico do gênero, à apreensão sucede-se o alívio de descobrir a fonte do mal e eliminá-la. Em “Nope”, o incômodo maior não vem das cenas de sangue e morte (que não são poucas), mas de não entender nada do que acontece ao redor dos personagens.
Não se trata, por isso, de uma obra ruim. A prova de sua qualidade são as inúmeras hipóteses dos espectadores sobre as intenções do diretor, que surgem logo após o término da exibição. Tampouco se trata de um enredo extremamente difícil; algumas alegorias se repetem com frequência, até se tornarem mais claras para quem tenta desvendar os enigmas da produção. Contudo, há uma ondulação de diferentes ritmos ao apresentar a história que não ajuda a sustentar o interesse até o final da trama. Além disso, o fato de contar com um protagonista que literalmente baixa a cabeça diante do perigo ainda é uma questão que me incomoda (e talvez devesse mesmo incomodar, já que o aspecto étnico e social é tão marcado nas obras de Jordan Peele).
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