Há muito tempo não se via um murmurinho tão grande em torno a um lançamento da literatura brasileira — o que alia grandes expectativas a um julgamento menos condescendente em relação ao livro. No meu caso, estava gostando demais do enredo, até me topar pela primeira vez com a palavra "didatismo" em uma crítica; depois dessa percepção alheia, foi difícil prosseguir sem me atentar às repetições, redundâncias, explicações que Itamar oferece a seu leitor. Algumas avaliações mais ferinas veem nesse didatismo uma tentativa de fazer um livro para ser consumido pela classe média branca, listando todo o beabá das misérias do povo negro e tornando-as assimiláveis para quem não poderá nunca compartilhar da mesma ancestralidade e vivências. O que mais me incomodou, em toda a polêmica, foi uma resposta mal-educada de Itamar a uma jornalista, na qual deixava implícito que ela não tinha entendido a potência de sua obra. O fato é que Torto arado cativa — não no sentido mais desumano da pala...