Experimento doses reduzidas de poesia contemporânea – que, muitas vezes, ainda considero hermética ou insondável em sua cotidianidade. O Como se fosse a casa se abriu como convite, propiciando o encontro com uma escrita que me tocou muito mais. Talvez seja o momento certo para o livro (já que ninguém deveria sair de sua concha em tempos de Covid), que rendeu uma das experiências mais gostosas que tive com a poesia produzida hoje. A ideia central é do diálogo entre os poetas, ocupando postos diferentes, mas que retornam à mesma base – ou ao mesmo não lugar, às impermanências. Toda a construção narrativa-poética-epistolar é muito bem conduzida, mas foram os poemas de Ana Martins que me fisgaram. A linguagem clara para compor metáforas difíceis, pontes imprevistas... talvez tenha se tornado uma favorita, dentre tantos contemporâneos que ainda me assustam.