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Mostrando postagens de abril, 2015

O livro de ouro de Hagar o horrível (Dik Browne)

Uma edição caprichada, com tirinhas coloridas e agrupadas por tema. Os personagens principais do núcleo familiar e profissional do viking beberrão são apresentados aos leitores ainda não familiarizados com as aventuras do protagonista. Assim, é um bom livro para principiantes no universo do viking mais atrapalhado das histórias em quadrinhos.

Mão na lata e berro d´água

Ensaio de fotografias feito por alunos de um centro comunitário - jovens que, sem a oportunidade do estudo, talvez tivessem se convertido em novos capitães da areia. Algumas das fotos, realizadas com a técnica artesanal do pinhole, são de uma poética excepcional. Pode-se argumentar que nem todas os retratos têm qualidade. No entanto, são todos eles fruto de um trabalho de conscientização com adolescentes, por meio do qual ressignifica-se a própria vida. Leitura (por meio da novela A morte de Quincas Berro D´água) e expressão artística unem as forças para mudar o olhar desses jovens. Para quem viu o filme "Nascidos em bordéis", fica a dica da intertextualidade. Para quem não viu, aproveite para assisti-lo logo após a leitura deste livro, pois ambas as obras falam da transformação que a fotografia pode trazer.

Matilda (Roald Dahl)

Um daqueles casos clássicos em que o livro é muito melhor do que o filme. "Matilda", para mim, sempre foi sinônimo das (muitas) aulas vagas no Ensino Fundamental de escola pública, em que a solução era acumular as crianças na sala de vídeo para assistir a um filme que critica o sistema tradicional de ensino. Ao descobrir que o autor deste livro era o mesmo do que escreveu o politicamente incorreto Fantástica Fábrica de Chocolate, decidi dar uma chance à obra. E não houve arrependimentos, uma vez que o romance infantil traz elementos que aprovo: crítica à escola ditatorial, olhar questionador em relação àqueles que põe os negócios acima de tudo, e crianças que têm atitudes polêmicas. É um daqueles livros de colocar os cabelos dos pais em pé, questionando-se qual a probabilidade de seus filhos virarem tão sapecas quanto a protagonista. No entanto, representa muito bem a realidade dos pequenos, que merecem sim ter o seu momento de atazanar os adultos que não os compr

Lino (André Neves)

A história de um porquinho de pelúcia separado de sua companheira é indicada para crianças muito pequenas, que não possam perceber a falta de qualidade do enredo. No entanto, as ilustrações da obra são realmente incríveis.

Criança dagora é fogo! (Carlos Drummond de Andrade)

As 4 crônicas reunidas nesta antologia são bastante inocentes, apesar de não muito interessantes do ponto de vista literário. São retratos do cotidiano em que pode haver ou não uma pequena ironia, um traço de humor - sem demais pretensões. Boas histórias para apresentar, aos pequenos, o escritor Carlos Drummond de Andrade.

América Central, nas asas do quetzal (Eduardo Soares)

Mais um daqueles livros de viagem que nos levam junto a paisagens e culturas tão próximas, e ao mesmo tempo tão desconhecidas. Não se trata de uma obra que retrate um périplo muito longo (são 5 meses em terras latinas) e nem de um conjunto de fotos impressionante. O que sustenta o relato de viagem de Eduardo Soares é seu interesse em percorrer os países com um olhar atento e despido de preconceitos. Além de dicas para quem pretende fazer o trajeto pela América Central, o livro é uma aula de história sobre essas nações que raramente aparecem em algum telejornal. O autor tenta saber mais sobre as raízes de cada povo para entender melhor os cenários com os quais se depara. E conhecer o quanto esses  países foram explorados (principalmente pelos Estados Unidos) é uma ótima lição para quem acha que política se resume a preto-no-branco, sem jogos ideológicos e nem manipulações políticas. É só olhar para a história desses países quase-vizinhos para sabermos que não é bem assim.

Flora Hen (Sun-mi Huang)

Uma história de superação e coragem em meio à granja. Com esse mote, a escritora sul-coreana aposta em uma narrativa infantil que envolve uma galinha que nunca pôs seu próprio ovo, um pato selvagem incapacitado para voar e uma variedade de animais e personalidades reunidos sob o domínio de um fazendeiro. Não se trata de uma nova "Revolução dos bichos". Ainda assim, as atitudes da galinha Flora vão contra o roteiro preestabelecido, rompem os padrões e incomodam os demais companheiros de sítio. Flora é uma rebelde com causa - é difícil ler a trama sem se solidarizar com os vegetarianos. O modo como os animais são criados para abate é descrito de maneira vigorosa e enternece. Mais uma prova de como os personagens são reforçados com características humanizadas ao longo dessa fábula moderna. A edição caprichada e colorida é um incentivo mais a uma leitura que, por si só, já é uma galinha de ovos de ouro.