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Mostrando postagens de julho, 2022

O peso do pássaro morto (Aline Bei)

Comecei a ler Aline Bei pela "Pequena coreografia do adeus"; ao conhecer sua obra anterior, pude perceber várias características que já estavam em "O peso do pássaro morto" e foram expandidas no livro mais recente.  Ainda que não seja composto de versos rimados, o livro de estreia da autora já enfatizava o ritmo, as frases curtas, as cenas simbólicas para marcar a passagem do tempo. É incrível como a fragmentação da linguagem dos nossos tempos também pode ser aproveitada como um fazer literário consciente de si próprio.

Contato (Vitor Caffaggi)

Não é à toa que foram as histórias dos irmãos Caffaggi nas Graphic MSP que viraram filmes: os quadrinistas têm um traço lindo somado a tramas delicadas e profundas. No trabalho solo, não é diferente.  "Contato" é um quadrinho para ser lido com calma: além de ter bastante texto, está repleto de easter eggs para serem descobertos. A narrativa culmina com um crossing-over com a Turma da Mônica original, despertando memórias afetivas que só enriquecem a história.

O guia secreto de Buenos Aires (Duda Teixeira)

Não foram nem 10 páginas de leitura antes de me deparar com um texto extremamente preconceituoso contra os imigrantes chineses na capital argentina. O autor usa a desculpa de apresentar um lado B de Buenos Aires para falar mal de toda espécie de progressismo na política. Só depois que associei o nome ao boi (já que se trata de gado): além de colunista da Veja, foi coautor da série História politicamente incorreta, que é outro lixo. Li para passar raiva.

Elvis (filme de 2022)

Fui ver "Elvis" no cinema porque filme que não seja de super-herói ou infantil nos cinemas do interior de SP é um evento; o fato de não ser dublado, quase um milagre. Não saber de nada previamente sobre a produção foi uma soma de surpresas boas, que culminou nos créditos, ao perceber que a direção era de Baz Luhrmann (mesmo diretor da versão de 1996 de "Romeu e Julieta", um dos meus filmes preferidos). A obra faz uma bela contextualização da música americana negra da época, e de como Elvis foi privilegiado por ser branco em uma época de forte segregação racial. Claro que a complexidade da apropriação cultural é apenas levemente matizada, já que o tema em si renderia muitas horas de discussão. No entanto, saí do cinema com a impressão de que essa abordagem da biografia do astro do rock, valorizando o contexto criativo do qual saiu, seria impossível há alguns anos.  Além disso, a opção por mostrar quanto da carreira e da vida de Elvis foram definidas por um empresário

Além (Max Andrade)

Por tentar manter o registro elevado nas falas dos personagens etéreos (anjos, santos e demais divindades), é frequente o uso do "tu" como pronome nesta obra – e meu olho de revisora não conseguiu ignorar que a conjugação no imperativo estava quase toda errada.  Apesar do ranço ao passar as primeiras páginas incomodada com muitos erros, a história me ganhou ao final. Mesmo que se refira a um dado biográfico do autor, falar da morte de uma criança negra no Brasil envolve sempre um contexto social e político vasto, que nos define enquanto sociedade desigual.

Arraso (Cora Ottoni)

Denise me interessa como personagem por trazer um ar irreverente às histórias da Turma da Mônica. Na versão da Graphic MSP, contudo, há mais uma tentativa de lição de moral do que um aproveitamento do tom espevitado da personagem.

Como mentir com estatística (Darrel Huff)

A edição bonita não me fez sequer desconfiar de que era um livro vovô, publicado pela primeira vez em 1954. Apesar de um ou outro exemplo mais questionável, evidenciando que a publicação ficou datada, o princípio no qual o autor se baseia é louvável: construir uma espécie de guia para compreender fake news envolvendo dados, tabelas, números... e até mapas. Como material de apoio para aulas de interpretação de textos, é excelente - inclusive porque ensinar a leitura matemática vai além do campo das exatas. A importância política de levar a uma melhor compreensão de lógica é enorme, o que justifica as constantes reimpressões de uma obra quase septuagenária.

Descobrindo Montevidéu (José Raimundo Borges da Silva)

Guia mais voltado para quem nunca viajou do que focado nas particularidades da capital uruguaia.

Buenos Aires: seu guia passo a passo

O formato do livro, dividido por bairros e com mapas setorizados, ajuda bastante a planificar a viagem. Não tem nenhuma informação imperdível, mas organiza os passeios para turistar.