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Mostrando postagens de janeiro, 2017

O homem que viu o infinito (filme de 2015)

O retrato de minorias quase nunca é bem realizado pelo cinema comercial - basta ver as capas de filmes como "Histórias cruzadas" ou "A boa mentira" para observar, em destaque, o branco "bonzinho" que se compadece dos oprimidos. Em "O homem que viu o infinito"- ainda que seja inspirado em uma história real - a biografia do matemático indiano é contada do ponto de vista do professor inglês, fato que não deve passar despercebido. Assim como um narrador em primeira pessoa não é confiável, o filtro europeu sobre a realidade asiática também deve ser analisado com cuidado. O personagem do docente britânico, contudo, é caracterizado de uma forma não tão maniqueísta. São retratados vários momentos em que o professor deixa de prestar auxílio ou simplesmente não consegue entender os pontos de vista de seu aluno, totalmente devotado a uma cultura radicalmente diversa da sua. De uma forma ou de outra, o filme parece conseguir atingir ao seu prop

Sing street (filme de 2016)

Apesar do mote ser bastante previsível - um adolescente vítima de bullying na escola e infeliz com a separação dos pais monta uma banda para conquistar uma garota (e também a autoafirmação) - o longa consegue unir todos esses clichês de forma bem amalgamada. Com muitos elementos de comédia, o filme tem potencial para divertir muito mais que os adolescentes (até porque as referências a bandas dos anos 80 despertam a nostalgia dos mais velhos). O entretenimento se tece com qualidade, reforçado por um repertório musical bastante interessante. Se não é, por um lado, uma obra surpreendente, por outro conta com boas soluções para dar vigor ao enredo, especialmente ao final, ponto alto da trama.

Dhanak (filme de 2015)

Uma espécie de road movie para crianças, Dhanak conta a história de dois irmãos que decidem fugir de casa em busca da realização de um sonho: a cirurgia para recuperar a visão do caçula. Para alcançar este objetivo, querem encontrar o set de filmagens de um ator famoso, estrela de uma publicidade sobre a importância da doação de córneas. Toda a estética da obra é voltada para o olhar infantil; apesar de tocar em temas mais delicados, como os perigos de fugir de casa e até o tráfico humano, a linguagem do longa em nenhum momento é violenta. Ainda que, desta forma, acabe esbarrando na inverossimilhança, o filme prefere não correr o risco de ser impróprio ao público a que se destina. Tipicamente bollywoodiano, conta com a mistura de diversos gêneros dentro de uma só obra: musical, road movie, infantil, drama, comédia... No entanto, todas essas facetas são bem costuradas, com a ajuda de uma fotografia maravilhosa, atuações boas e um enredo coeso.