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Siddharta (Hermann Hesse)

Há inúmeras versões para a história de Buda, assim como o próprio Buda não é um só. Hermann Hesse aproveita este conceito para recriar a biografia de Sidharta à sua maneira, buscando por si próprio o conceito de espiritualidade que seria capaz de nos levar ao nirvana.

Apesar de bem redatado, o livro não me convenceu. Ainda que não esperasse a figura de um Buda sem pecados, boa parte da vida do personagem não traz nenhum elemento da santidade ou da espiritualidade elevada que tanto buscamos. Por mais que o próprio conceito do budismo reforce a transcendência do cotidiano, a obra me pareceu muito corriqueira, afastada de conceitos mais profundos.

Nota: 6,5

Trechos:

"La verdadera profesión del hombre es encontrar el camino hacia sí mismo."

"En ese momento sentía más profundamente que nunca el carácter indestrutible de toda la vida, de la eternidad en cada instante (...)"




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