A capa e a sinopse do livro geram um pouco de desconfiança, por associarem diretamente a ideia de Estados Unidos à liberdade, felicidade etc. No entanto, ao ler a obra essa percepção equivocada se desfaz: ainda que o Tio Sam ofereça às famílias porto-riquenhas uma situação de relativa segurança, isso não diminui o apreço dos personagens pela terra natal, ainda que esta seja permeada de problemas.
Não trata-se de uma grande obra literária, mas é muito interessante do ponto vista histórico, ao retratar a época da ditadura (3o anos sob o jugo do violento Trujillo) em Porto Rico. Como a narração é feita por uma menina de 12 anos, presta-se muito bem à exploração didática em sala de aula.
O relato tem um toque de Anne Frank, com trechos do diário de Anita (e talvez o nome escolhido para a protagonista não seja só uma coincidência). Apesar de não ser um discurso real, é uma história feita com base em várias falas de sobreviventes da tragédia da ditadura porto-riquenha. E, por isso, é igualmente cruel: além do destino trágico de alguns personagens, há relances das práticas de tortura - um exemplo citado no livro é o do pai que comeu, sem saber, um bife feito da carne de seu próprio filho.
Apesar da narração adolescente, é um livro pesado, mas muito bem construído. Merece ser lido pelos nossos jovens de agora, para evitar uma nova geração estúpida que clame pela volta da interrupção da liberdade.
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