Se, por um lado, a temática do livro tinha tudo para me agradar (já que adoro relatos de viagens), por outro, alguns aspectos do modo de vida dos personagens principais não são exatamente parte da minha filosofia existencial (excesso de drogas, falta de planejamento nos roteiros, furtos, assaltos...).
No entanto, apesar de, quase sempre, odiar protagonistas que não têm objetivos ou metas na vida (como Holden Caulfield, de "O apanhador no campo de centeio"), é difícil não se deixar levar pelas traquinagens de Sal Paradise e Dean Moriarty. Ainda que eles roubem (inclusive carros), vagabundeiem, sejam por vezes agressivos ou deprimentes, são personagens que trazem um novo olhar para a realidade.
Se a vida dos protagonistas é aparentemente sem lógica, não conseguimos sair da leitura sem refletir o quanto o nosso cotidiano também tem a sua dose de frustração e falta de sentido. O narrador, que vive em função do agora, oscilando entre namoradas, paisagens e empregos, ao menos está consciente das suas opções. E o que ele nos aponta é justamente isto: uma existência toda devotada a cumprir parâmetros socialmente estabelecidos faz tão pouco sentido quanto sair pelo mundo sem lenço e sem documento. E por que a vida teria de ter lógica, ao invés de apenas se resumir a aproveitar o momento, sem vínculos com o amanhã?
Boa parte do relato é repetitivo (o narrador vai para a casa da tia, arranja um emprego e uma namorada e, assim que aparece seu camarada Dean, sai pelos EUA - e até México - com os poucos dólares que tinha economizado, para uma rotina de orgias, drogas, jazz e paisagens diversas).
O que me incomoda bastante na filosofia beat é que, apesar de certa tendência anárquica, são os homens que mandam em suas mulheres submissas - inclusive há várias cenas de violência contra as namoradas/esposas e insinuações de pedofilia. Assim, o que era para ser um modo revolucionário de enxergar a realidade se torna mais um discurso hipócrita e opressor.
No entanto, apesar do machismo, das drogas, dos assaltos, os personagens são inteligentes e sabem guiar o leitor nessa narrativa acelerada, levando-o também a cair na estrada.
No entanto, apesar de, quase sempre, odiar protagonistas que não têm objetivos ou metas na vida (como Holden Caulfield, de "O apanhador no campo de centeio"), é difícil não se deixar levar pelas traquinagens de Sal Paradise e Dean Moriarty. Ainda que eles roubem (inclusive carros), vagabundeiem, sejam por vezes agressivos ou deprimentes, são personagens que trazem um novo olhar para a realidade.
Se a vida dos protagonistas é aparentemente sem lógica, não conseguimos sair da leitura sem refletir o quanto o nosso cotidiano também tem a sua dose de frustração e falta de sentido. O narrador, que vive em função do agora, oscilando entre namoradas, paisagens e empregos, ao menos está consciente das suas opções. E o que ele nos aponta é justamente isto: uma existência toda devotada a cumprir parâmetros socialmente estabelecidos faz tão pouco sentido quanto sair pelo mundo sem lenço e sem documento. E por que a vida teria de ter lógica, ao invés de apenas se resumir a aproveitar o momento, sem vínculos com o amanhã?
Boa parte do relato é repetitivo (o narrador vai para a casa da tia, arranja um emprego e uma namorada e, assim que aparece seu camarada Dean, sai pelos EUA - e até México - com os poucos dólares que tinha economizado, para uma rotina de orgias, drogas, jazz e paisagens diversas).
O que me incomoda bastante na filosofia beat é que, apesar de certa tendência anárquica, são os homens que mandam em suas mulheres submissas - inclusive há várias cenas de violência contra as namoradas/esposas e insinuações de pedofilia. Assim, o que era para ser um modo revolucionário de enxergar a realidade se torna mais um discurso hipócrita e opressor.
No entanto, apesar do machismo, das drogas, dos assaltos, os personagens são inteligentes e sabem guiar o leitor nessa narrativa acelerada, levando-o também a cair na estrada.
Comentários
Postar um comentário