Muitos dos quadrinhos deste volume referem-se diretamente às manifestações que levaram ao golpe - assim, o conteúdo crítico das tiras é intenso. Por outro lado, há um apelo constante à humanidade que ainda habita em nós - seja em prol do respeito das opiniões alheias, seja para salvar o meio ambiente ou para prestar solidariedade às muitas vítimas de uma sociedade cruel.
O livro de estreia de Ana Cristina Cesar é inovador desde a capa, em que aparece a figura ambígua de um útero. Fragmentada e polissêmica é também a poética, em que pululam versos telegráficos, por vezes de compreensão dificílima para o leitor. Não se trata de uma tentativa de hermetismo, pelo contrário; o que causa estranhamento nos poemas é sua simplicidade cortante, com associações inusitadas e bastante diretas. Além disso, os assuntos não se mantêm ao longo dos textos; Ana Cristina salta com naturalidade entre temas complexos e diversos. Apesar de curto, é uma livro de estreia potente, com muitas possibilidades de interpretação - antecipando a grande e breve obra deixada pela autora.
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