Em tempos de informações compartimentadas, é difícil encontrar ícones que sejam admirados, na mesma proporção, em campos diferentes do conhecimento. Este é o caso de Oliver Sacks, neurologista estadunidense que soube adotar um discurso mais humano ao discorrer sobre a sua ciência.
Comparado por muitos a Freud, por dar nome, identidade e reconhecer cada um de seus pacientes como um ser único, o autor vai além da linha de uma "ciência dura", criando intertextualidades enriquecedoras. Se esta verdade já se aplica a seus estudos de caso, mais ainda se intensifica quando o analisado é ele próprio. Este é o caso de "Gratidão", livro de textos curtos em agradecimento à vida que se esvai.
Diagnosticado com câncer, Sacks compõe uma série de artigos pequenos, porém intensos, de reflexão sobre o seu ser e estar no mundo. Não são textos melancólicos, mas são extremamente tocantes. Como se já não bastasse a situação de defrontar-se à morte para nos comover, o escritor possui um tom leve, delicado, que torna essa experiência ainda mais significativa para quem o lê. A gratidão, aqui, é recíproca.
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