Foram poucos os professores, durante a minha vida escolar, que indicaram leituras. Assim, ainda me lembro da minha descoberta do diário de Anne, por meio da fala de uma professora de História, segundo a qual este livro era uma releitura para a vida inteira. Cumprindo seu ditado à risca, depois de duas incursões na obra durante a minha adolescência, decidi retomá-la mais uma vez - quase quinze anos depois.
Anne Frank não é o registro mais representativo do que foi o Holocausto (e quem diz isso não sou eu, mas algumas sociedades judaicas de preservação da memória), já que a parte mais cruel e inominável de sua história não foi narrada. Há relatos de crianças nos campos e nos guetos que são extremamente marcados pela violência e pela desilusão. Assim, até essa minha releitura, acreditava que o furor em torno do diário de Anne estava centrado exclusivamente em nossa vontade de querer conhecer o que foi o nazismo apenas até alguns limites. Não queremos nos aprofundar demais, talvez por medo de resgatar o monstro que habita em cada um de nós.
Ainda que acredite que esta é sim uma razão válida em torno do sucesso editorial do diário, há uma característica que não pode ser negada: o dom literário da jovem. Cada um dos oito judeus escondidos no Anexo Secreto é um personagem complexo, descrito de modo incisivo. A consciência narrativa de Anne, que incorpora gêneros e temas diversos em seu diário, tornando a leitura cada vez mais instigante, é impressionante para a idade (entre 13 e 15 anos).
Gostaria muito de ter tido acesso à edição definitiva ainda na minha adolescência. Sem os cortes do pai, o diário apresenta uma narradora muito mais cativante para o leitor. É incrível perceber o quanto a menina dos anos 40 é semelhante a tantos jovens de hoje - com sua relação conflituosa com os parentes, seu desejo de paz e solidão, seus primeiros amores, suas dúvidas em relação à sexualidade...
As últimas entradas do diário são não só as mais longas, mas também as mais pungentes. Assim, vemos uma vida sendo ceifada em seu momento de maior vigor e consciência crítica, o que só reforça a potencialidade da obra.
Anne Frank não é o registro mais representativo do que foi o Holocausto (e quem diz isso não sou eu, mas algumas sociedades judaicas de preservação da memória), já que a parte mais cruel e inominável de sua história não foi narrada. Há relatos de crianças nos campos e nos guetos que são extremamente marcados pela violência e pela desilusão. Assim, até essa minha releitura, acreditava que o furor em torno do diário de Anne estava centrado exclusivamente em nossa vontade de querer conhecer o que foi o nazismo apenas até alguns limites. Não queremos nos aprofundar demais, talvez por medo de resgatar o monstro que habita em cada um de nós.
Ainda que acredite que esta é sim uma razão válida em torno do sucesso editorial do diário, há uma característica que não pode ser negada: o dom literário da jovem. Cada um dos oito judeus escondidos no Anexo Secreto é um personagem complexo, descrito de modo incisivo. A consciência narrativa de Anne, que incorpora gêneros e temas diversos em seu diário, tornando a leitura cada vez mais instigante, é impressionante para a idade (entre 13 e 15 anos).
Gostaria muito de ter tido acesso à edição definitiva ainda na minha adolescência. Sem os cortes do pai, o diário apresenta uma narradora muito mais cativante para o leitor. É incrível perceber o quanto a menina dos anos 40 é semelhante a tantos jovens de hoje - com sua relação conflituosa com os parentes, seu desejo de paz e solidão, seus primeiros amores, suas dúvidas em relação à sexualidade...
As últimas entradas do diário são não só as mais longas, mas também as mais pungentes. Assim, vemos uma vida sendo ceifada em seu momento de maior vigor e consciência crítica, o que só reforça a potencialidade da obra.
Comentários
Postar um comentário