Nunca me interessei em ler Cora Coralina, por ter me apegado à visão que os livros didáticos e grande parte da mídia criaram em torno dela: a da velhinha frágil e submissa que apenas aos 75 anos conseguiu publicar o seu primeiro livro. Assistindo ao documentário sobre a vida da poeta ("Raízes de Aninha"), pude abandonar, com alegria, os estereótipos que me afastaram tanto tempo da escritora - doceira, mas nada dócil.
A poesia de Cora é, em grande parte, uma reflexão desoladora. Um dos muitos mitos desconstruídos em seus versos é o da infância rousseauniana; o que vemos nos poemas da autora sobre a infância é uma análise quase freudiana de traumas e incertezas que reverberaram na vida adulta. Se há também os versos mais nostálgicos e saudosos, eles não eliminam a força de sua poesia mais contestadora.
Ainda que seja uma mulher de seu tempo, agarrada a certo conservadorismo, Cora é também vanguardista. A voz feminina, mesmo regida por paradigmas sociais, tem força o suficiente para questionar, impor, provocar. Quem espera encontrar submissão, se deparará com um grande empreendedorismo.
Em alguns aspectos muito semelhante à poética de seu conterrâneo Manoel de Barros, a poesia de Cora Coralina também fala sobre o que é pequeno, excluído, mas digno de observação. Sua escrita, no entanto, é mais cristalina, o que facilita o ingresso do leitor na obra, mas sem facilitar seus temas ou a graça/potência de seu estilo.
A poesia de Cora é, em grande parte, uma reflexão desoladora. Um dos muitos mitos desconstruídos em seus versos é o da infância rousseauniana; o que vemos nos poemas da autora sobre a infância é uma análise quase freudiana de traumas e incertezas que reverberaram na vida adulta. Se há também os versos mais nostálgicos e saudosos, eles não eliminam a força de sua poesia mais contestadora.
Ainda que seja uma mulher de seu tempo, agarrada a certo conservadorismo, Cora é também vanguardista. A voz feminina, mesmo regida por paradigmas sociais, tem força o suficiente para questionar, impor, provocar. Quem espera encontrar submissão, se deparará com um grande empreendedorismo.
Em alguns aspectos muito semelhante à poética de seu conterrâneo Manoel de Barros, a poesia de Cora Coralina também fala sobre o que é pequeno, excluído, mas digno de observação. Sua escrita, no entanto, é mais cristalina, o que facilita o ingresso do leitor na obra, mas sem facilitar seus temas ou a graça/potência de seu estilo.
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