Bem avaliado no IMDb e em outros sites mais generalistas de cinema, o filme é um desastre para quem espera o mínimo de conteúdo em uma narrativa. Previsível, meloso, inverossímil, com pontas soltas e diálogos pífios - e, se é bem avaliado, talvez seja o retrato de uma sociedade incapaz de discernir uma boa história de um clichê redundante.
O livro de estreia de Ana Cristina Cesar é inovador desde a capa, em que aparece a figura ambígua de um útero. Fragmentada e polissêmica é também a poética, em que pululam versos telegráficos, por vezes de compreensão dificílima para o leitor. Não se trata de uma tentativa de hermetismo, pelo contrário; o que causa estranhamento nos poemas é sua simplicidade cortante, com associações inusitadas e bastante diretas. Além disso, os assuntos não se mantêm ao longo dos textos; Ana Cristina salta com naturalidade entre temas complexos e diversos. Apesar de curto, é uma livro de estreia potente, com muitas possibilidades de interpretação - antecipando a grande e breve obra deixada pela autora.
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