Livro curto e polifônico, "Primavera num espelho partido" é uma tentativa de amálgama de relatos e experiências muito distintos sobre a ditadura uruguaia. Enquanto Santiago, o protagonista da trama, é um preso político, os demais personagens a seu redor falam e escrevem sobre outras facetas da opressão: o exílio, a espera pela liberdade dos companheiros, a desilusão com os movimentos que deveriam ser libertários, a tentativa de recomeçar em um novo país. Cada um dos relatos se vale de técnicas narrativas distintas (diário, carta, redação de escola, monólogo interior etc.), o que enriquece ainda mais a estrutura da obra.
Os trechos conduzidos pela voz infantil de Beatriz, filha de Santiago, estão dentre os que mais me agradaram. Benedetti faz um excelente trabalho na criação de uma narradora perspicaz, curiosa, mas não totalmente ingênua. É uma personagem que nos cativa de imediato, mas que propõe questões mais profundas: afinal, o que significa crescer no exílio? Como identificar as raízes pátrias de um refugiado?
O que também me encantou na obra são os capítulos conduzidos pelo próprio Benedetti, que relata suas experiências reais no exílio. Assim, realidade e ficção se sobrepõem com esmero, criando um retrato profundo do tempo de homens partidos.
O que também me encantou na obra são os capítulos conduzidos pelo próprio Benedetti, que relata suas experiências reais no exílio. Assim, realidade e ficção se sobrepõem com esmero, criando um retrato profundo do tempo de homens partidos.
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