Antes de "Autobiografia", só havia lido de José Luís Peixoto o breve "Morreste-me" - excelente desde o título. Assim, por já haver tido um contato inicial com a escrita poética do autor, tinha altas expectativas em relação à obra em questão (que, apesar de intitulada como um gênero literário diverso, trata da vida e das publicações de José Saramago).
Em certa medida, o livro de Peixoto tem uma instigante proposta estrutural, que é a de mesclar a vida do biografado com a própria vida de quem escreve. Para atingir esse efeito, brinca com a homonímia dos Josés com frequência - a ponto de o leitor não saber situar a que personagem alguns trechos fazem referência. Além disso, a obra conta com uma estrutura circular bem pensada, daquelas que gerariam o desejo, no leitor, de retomar a narrativa assim que finalizasse a leitura.
No entanto, além da vontade que me faltou para reler a obra, também quase me faltou a paciência de terminá-la. Se o projeto macro do livro é bem organizado, para mim o mesmo efeito não se notou no plano da escrita; o estilo de narração não me fisgou. Há excesso de repetições, uma aposta em cenas grotescas que não se sustenta, algumas frases feitas um tanto prepotentes, além de metáforas vazias; para mim, a cena da chuva de livros sobre Lisboa no momento em que o Nobel é concedido a Saramago não vai além do kitsch e da falta de reflexão sobre a politicagem imbuída a qualquer premiação. Talvez não tenha sido o momento certo para a leitura, mais do que problemas que a obra tenha per se; mas, no geral, quase não houve motivação leitora no contato com essa ambígua autobiografia.
Em certa medida, o livro de Peixoto tem uma instigante proposta estrutural, que é a de mesclar a vida do biografado com a própria vida de quem escreve. Para atingir esse efeito, brinca com a homonímia dos Josés com frequência - a ponto de o leitor não saber situar a que personagem alguns trechos fazem referência. Além disso, a obra conta com uma estrutura circular bem pensada, daquelas que gerariam o desejo, no leitor, de retomar a narrativa assim que finalizasse a leitura.
No entanto, além da vontade que me faltou para reler a obra, também quase me faltou a paciência de terminá-la. Se o projeto macro do livro é bem organizado, para mim o mesmo efeito não se notou no plano da escrita; o estilo de narração não me fisgou. Há excesso de repetições, uma aposta em cenas grotescas que não se sustenta, algumas frases feitas um tanto prepotentes, além de metáforas vazias; para mim, a cena da chuva de livros sobre Lisboa no momento em que o Nobel é concedido a Saramago não vai além do kitsch e da falta de reflexão sobre a politicagem imbuída a qualquer premiação. Talvez não tenha sido o momento certo para a leitura, mais do que problemas que a obra tenha per se; mas, no geral, quase não houve motivação leitora no contato com essa ambígua autobiografia.
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