Pouco conheço de cinema brasileiro, mas é difícil não sair da sessão de "Bacurau" sem acreditar que esta é uma produção bastante diferente do que se fazia até então. Talvez o contexto político corrobore essa visão, que pode ser equivocada; no entanto, o fato é que estamos diante de um filme que protesta e cria engajamento.
O diálogo com as tradições literárias do real maravilhoso, do realismo mágico - e mesmo da distopia - é bastante forte na produção. Há uma oscilação entre os limites possíveis da realidade, que se reflete nas escolhas de fotografia e roteiro. Algumas cenas, aparentemente inverossímeis, são explicadas brevemente ao espectador, mas com destreza; assim, ao invés de nos fazer desconfiar da obra, nos faz imergir em um contexto de imprecisões e frágeis verdades.
Com personagens arquetípicos e alegóricos, a narrativa consegue criar múltiplas camadas de significado em um roteiro bastante aberto a interpretações. Outro ponto que me chamou a atenção foi o retrato de um contexto brasileiro mais interiorano, mas sem descambar em estereótipos simplistas.
Do conjunto, só o que me resta de preocupação é o discurso de violência que subjaz à trama. Por mais que a organização da comunidade de Bacurau frente aos opressores seja encantadora, ela ainda é uma ficção - e, transposta para a realidade, não será tão indolor.
O diálogo com as tradições literárias do real maravilhoso, do realismo mágico - e mesmo da distopia - é bastante forte na produção. Há uma oscilação entre os limites possíveis da realidade, que se reflete nas escolhas de fotografia e roteiro. Algumas cenas, aparentemente inverossímeis, são explicadas brevemente ao espectador, mas com destreza; assim, ao invés de nos fazer desconfiar da obra, nos faz imergir em um contexto de imprecisões e frágeis verdades.
Com personagens arquetípicos e alegóricos, a narrativa consegue criar múltiplas camadas de significado em um roteiro bastante aberto a interpretações. Outro ponto que me chamou a atenção foi o retrato de um contexto brasileiro mais interiorano, mas sem descambar em estereótipos simplistas.
Do conjunto, só o que me resta de preocupação é o discurso de violência que subjaz à trama. Por mais que a organização da comunidade de Bacurau frente aos opressores seja encantadora, ela ainda é uma ficção - e, transposta para a realidade, não será tão indolor.
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