Se a II Guerra continua definindo os motes de tantas produções culturais, é porque está atrelada a muito do que construímos – sejam crenças, culturas ou políticas – ainda hoje. Nesse aspecto, uma das propostas que me parece mais justas ao retomar o tema do conflito é o resgate das memórias de família, tentando traçar as linhas que uniram os destinos dos ancestrais aos rumos políticos entre 1939-1945.
"Heimat" aposta na escavação dos escombros familiares para tentar traçar a história da própria autora – uma alemã que vive nos Estados Unidos e, paradoxalmente, se sente mais ligada à própria pátria quanto mais descobre o quão difusas e intrincadas são suas raízes.
Mesmo para quem não gosta – ou não aguenta mais – produções culturais relacionadas à guerra, o livro pode ser surpreendente. Com cara de álbum de família, mistura retratos, fotos, documentos históricos e quadrinhos, criando um provocador amálgama de gêneros. O único ponto que me incomodou um pouco na leitura é a espécie de salvo-conduto moral que a narradora se atribui ao descobrir que seu avô não atuou como nazista descarado; caso o avô tivesse realmente atuado com atrocidade em nome do regime, o que mudaria na vida da escritora? Não ter a resposta a essa pergunta pode ser uma das intenções da obra, mas me incomodou o fato de que a questão não foi sequer levantada claramente.
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