Literatura escrita por um físico, o livro "Sonhos de Einstein" é de difícil definição: talvez um romance? Um ensaio científico com pano de fundo ficcional? A edição que li, publicada há alguns anos, sequer traz ficha catalográfica, como que para evitar etiquetar a obra múltipla em categorias predefinidas.
E se o formato dos "Sonhos" é difícil de categorizar, quem dirá o seu conteúdo: cada um dos devaneios de Einstein é uma possibilidade física de entendimento do tempo. Assim, o livro parte da premissa de que o famoso físico alemão teria tido uma série de sonhos (cada um com uma hipótese sobre o tempo) antes de chegar à sua teoria da relatividade.
O mais impressionante neste pequeno livro (além da escrita belíssima de Alan Lightman) é como cada uma das possibilidades de tempo, por mais absurdas que nos pareçam (o tempo que anda de trás para frente, o tempo em que é possível avançar sem pausas para o futuro, o tempo circular, o tempo que fica preso ao passado, entre muitas outras), se relacionam ao nosso ser e estar no mundo. O tempo subjetivo, que cada sujeito experimenta de uma forma, pode corresponder a um (ou vários) dos diversos sonhos da obra. E, assim como Calderón de La Barca e Shakespeare, conclui-se que (o tempo d)a vida é sonho... signi-ficando nada.
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