Tenho paixão por livros enciclopédicos, que só aumenta quando o tema abordado é tradução – ou, melhor dizendo, a intraduzibilidade. Belamente ilustrado e com uma seleção interessante de termos que não encontram correspondentes exatos em outras línguas, a obra de Ella Frances é um deleite. Cada pedaço da publicação é pensada de um jeito inventivo e atraente para o leitor. Poucas passagens escaparam imunes ao meu marca-texto durante a leitura; até a página de expediente e ficha catalográfica traz brincadeiras divertidas com a linguagem e com a flexibilidade das palavras.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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