Wes Anderson tem um estilo bastante único em suas produções, que gera identificação imediata no espectador. Em A crônica francesa, não só o reconhecimento da estética do diretor é imediato, como parece atingir o ápice em termos plásticos. Mesmo que as narrativas da obra não nos envolvam – o que é possível, dada a estrutura fragmentada do longa –, é difícil não se deixar encantar pela beleza de cada cena, disposta como um quadro para apreciação.
Assim como quem passeia em um museu, deslizamos pelas situações enfocadas no decorrer das narrativas. Sob esse ponto de vista, a obra consegue mimetizar bem o objeto em que se baseia: uma publicação periódica, dividida em várias seções. A diferença em relação ao jornal e ao museu é que, enquanto obra de cinema, não podemos decidir a que assistir ou não durante a exibição.
Por isso, talvez A crônica seja um filme que funcione melhor visto de forma fragmentada; pelo menos, assim o foi para mim. Ainda que muito tenha desfrutado da primeira exibição do longa, foi depois, ao revê-lo aos pouquinhos, que pude me dar o tempo de contemplação diante do ritmo frenético das narrativas de Wes Anderson.
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