Já havia entrado em contato com a escrita de Marie Curie pelo livro La ridícula idea de nunca más volver a verte, da espanhola Rosa Montero. Além dele, a biografia sobre o casal Curie elaborada por Lauren Redniss também traz alguns excertos de cartas e dos diários da cientista – contudo, nada se equipara a poder ler um livro inteiramente escrito por ela e cujo tema é a breve vida de seu esposo.
Claro está que esta é uma biografia bastante parcial, que não se propõe a revelar um lado menos louvável da vida de seu biografado. O retrato que Marie faz de Pierre não economiza elogios; ainda assim, está longe de ser um texto enfadonho ou menos crível. A autora fundamenta seu parecer favorável não apenas na experiência de esposa, mas sobretudo em fatos e depoimentos de quem conviveu com o cientista.
Outro ponto de que gosto muito nessa biografia é quanto Marie se revela ao falar de Pierre – de certa forma, acaba sendo um texto que abarca a vida de ambos. E se não há críticas à figura do marido, o mesmo não se aplica à sociedade. A autora é bastante incisiva ao repreender o descaso com que a ciência é tratada, e ilustra sua argumentação com o fato de que Pierre, até o fim da vida e mesmo após o Nobel, não teve acesso a um laboratório decente. Ao vermos o desprezo com que a ciência é tratada, não podemos deixar de traçar conexões entre a biografia de Pierre Curie e o tempo em que vivemos.
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