Já tive minha fase de fã assumida de Mia Couto, da que fica horas em fila para ganhar autógrafo e devora todos os livros da biblioteca. Passou. Ao reler "Terra sonâmbula" há pouco tempo, fiquei com uma cena de pedofilia entalada na garganta - e o autor, que já foi um dos meus favoritos, passou a ser um reencontro angustiado.
Minha professora de um curso de escrita, ex-editora da Companhia, comentou que a narrativa de Couto não a convencia. De certa forma, foi como aprender que a cartola do mágico tem fundo falso.
Sigo gostando da escolha de títulos das obras, sempre tão profundos. Folheando "Terra sonâmbula" novamente, vi que ainda me surpreendo com a potência da linguagem... que não pude mapear neste romance mais recente de Mia.
Além da confusão de enredo, o avesso do bordado é grosseiro: a tentativa de fazer de cada diálogo um aforismo e a insistência em surpreender pelas negativas vão cansando ao longo da leitura. Das ausências a que o livro se propõe, a que mais me toca é a do escritor que tanto já gostei de acompanhar.
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