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Uma nova esperança (1977) + O império contra-ataca (1980) + O retorno do Jedi (1983) + O despertar da força (2015) + O último Jedi (2017) + A ascensão Skywalker (2019)

O curto intervalo que separa as produções mais recentes de Star Wars (uma trilogia com lançamentos bienais) era o suficiente para borrar toda a história anterior de minhas memórias. Pouco retinha de cada filme: uma cena esteticamente bonita, o carisma de um Chewbacca, uma noção difusa sobre o império, a república e as configurações políticas da obra.

Assistir a uma sequência de filmes da saga me fez reanalisar minha relação com essa narrativa, tão sem limites quanto os universos que desenha. A pluralidade de personagens e tramas talvez seja um dos fatores que tenha me afastado dos longas, inicialmente; no entanto, ao conseguir entender a história que motiva as aspirações principais dos personagens, muito mais se fixou em mim.

Hoje, tenho uma noção maior da complexidade dos jogos políticos em cena, bem como eles retratam eternas lutas que disputamos aqui na Terra. Os personagens, dotados de uma longa história, também crescem em profundidade. 

Alguns elementos, contudo, incomodam nessa experiência de acompanhar um longa seguido do outro. Clichês narrativos ficam mais evidentes, como o maquinário das forças do mal, que é sempre maior e mais potente a cada um dos filmes – a ponto de beirar a inverossimilhança, já que a cada uma das obras o lado escuro da força é vencido pelos bonzinhos. E não é spoiler – é a nossa catarse intergaláctica, que tanto sucesso garantiu a essa trama.













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