Alguns dos melhores filmes a que assisti neste ano (mais cinéfilo que os anteriores) foram dirigidos por mulheres: "Ataque de cães", "A teta assustada" e, agora, "Olmo e a gaivota". E a condução de uma trama fora de perspectiva usual faz toda a diferença.
Dirigido pela brasileira Petra Costa (de "Democracia em vertigem" e "Elena"), o longa-metragem é um retrato intimista e, ao mesmo tempo, abrangente das questões sociais que a maternidade envolve.
Tal como "A história da filha perdida", a trama tem um forte apelo anticoncepcional. Ainda que conte a história de uma gravidez por escolha, é difícil não se impactar pelas restrições e falta de liberdade durante o período da gestação.
A linguagem cinematográfica de Petra é construída por reminiscências, baús de guardados dos protagonistas postos em cena. Como o casal filmado trabalha no teatro, as fronteiras entre a realidade e a fição / o drama e o documentário são ondulantes, flexíveis.
Falado em múltiplas línguas, o filme revela seus personagens principais também em diversas linguagens: o teatro, o ensaio, a dança, a canção, o fazer da vida uma arte. E, no meio de tantas possibilidades de comunicação, constrói a Torre de Babel que separa os pais do filho por vir.
Comentários
Postar um comentário